segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Fada, um conto de Allan Kardec Marinho



Acreditem quem quiser. Mas foi verdade o que vou contar. Eu levei uma fada para casa.
Ela chegou num dia de chuva. Olhando pela janela vi quando o caminhão chegou.
Eu estava chegando do colégio. Joguei a mochila no sofá e gritei:
- Uma fada, que coisa linda a nova vizinha.
Minha mãe chegou falando:
- Já vai começar, nova paixão não.
Lembrei da minha última namorada. Foi um sofrimento terminar
Aquela agonia. Sofri muito. Ela morava na suíça, e quando sua foto desbotou na parede eu chorei muito, afinal não sabia nem seu nome.
Passei muito tempo procurando a mesma revista nas bancas e nunca encontrei. Ainda bem.
Esta não, era de carne e ossos. Mais carne do que ossos. Bonita e falando, andando, sorrindo.
Minha vizinha.
Seu nome..........nunca gostei de nomes. Ana, Beatriz, Jose, Carolina, Lucia, Laura, Cássia, Kelle, Alana, Aline, Viviane, Edlarnia, nomes, nomes......
O que são os nomes frente à pessoa. Viva. Vibrante. Atuante.
Prefiro sem os nomes, só com os sorrisos.
Assim levei uma fada para minha casa e dormia, acordava , comia , tomava banho e jogava videogames com ela.
Nada nos separava.
Na inda para a escola mudei de rua. Ela ia pelo meu antigo caminho e para não cruzar com ela usava outra rua. Ia paralelamente com ela , conversava e imagina seu passos: - cuidado com a poça dágua.... – olha os carros....
Cuidava dela o caminho todo. Ia atento para que nada acontecesse a minha fada. Afinal não era todo garoto da rua que tinha uma fada particular.
Perdi o futebol. Não era lugar para levar minha fada e não poderia deixa-la sozinha. Mudei minha rotina e passei a viver em torno dela. Tempos de amor e alegria.
Sol. Chuva. Praia. Cinema. Casa dos avos. Amigos. Sempre com minha fada.
Sua asas, sua varinha de condão. Seu sorriso. Tudo era lindo e maravilhoso.
Uma manhã cai da bicicleta. Quebrei o pé e fiquei quatro semanas deitado no quarto. Da janela vigiava seus movimentos. Limpava o quintal com os cabelos soltos no vento, dançava com a vassoura e ria com a boca aberta.
Minha fada era também Gata Borralheira durante o dia.
Sai para o colégio com livros e uma bicicleta com asas para leva-la com segurança e rapidez.
Esperava sua volta, ansioso e solitário.
Ao cair da tarde o sorriso voltava aos meus lábios. Minha fada estava novamente no meu campo de visão.
Cabelos em desarrilho, blusa com manchas. Descia da bicicleta, deixando-a no chão do jardim e corria para casa.
Minha fada tinha pressa de carinho.
Até hoje, solitário no meu quarto de hotel, busco sempre uma janela para procurar uma fada no jardim.

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