quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Mahatma Gandhi


No dia 30 de janeiro de 1948, o mundo perdia a presença física do líder pacifista indiano Mohandas Karamchand Gandhi, chamado o Mahatma (grande alma). Mas sua influência como representante-mor da paz e não-violência se estende até hoje. Formado em Direito na Inglaterra, trabalhou na África do Sul e, em 1915, de volta a Índia, liderou o movimento de libertação de seu país, na época colônia do Império Britânico. Gandhi foi defensor do princípio da não-agressão e da forma não-violenta de protesto. É com ele que a Agência da Boa Notícia inicia hoje a Série Pacifistas. Mensalmente, apresentaremos uma personalidade exemplo na construção da cultura de paz.

Gandhi nasceu em 2 de outubro de 1869 em Porbandar, na Índia. Seu pai foi um político e a mãe uma mulher com forte tradição religiosa. Conforme o costume de seu País, Gandhi casou aos 13 anos com uma menina da mesma idade. Na juventude, desafiou as normas e foi estudar Direito na Inglaterra. Em Londres, tornou-se vegetariano e aprofundou conhecimentos espirituais a partir de leituras do livro sagrado indiano Bhagavad-Gita e do Sermão da Montanha, do Evangelho. Chegou a afirmar: “Se se perdessem todos os livros sacros da humanidade, e só se salvasse o Sermão da Montanha, nada estaria perdido.”

Foi trabalhando como representante de uma empresa indiana na África do Sul, que ele tomou contato com o preconceito racial e despertou sua consciência social. Viveu 20 anos naquele país, sempre defendendo os direitos da minoria hindu. Diante da proposta de criação de uma lei proibindo aos indianos o direito de votar, Gandhi fundou o Congresso hindu em 1894, obtendo grande repercussão. Em 1906, liderou a primeira manifestação de desobediência civil. Foi a uma lei do governo sul-africano que quis obrigar os indianos a se registrarem, como forma de controle. A medida de recusar a se submeter a uma injustiça, ele denominou de Satyagraha (‘força da verdade”). Esteve à frente de muitas caminhadas pacíficas de protesto e foi preso, sem nunca apelar para reação violenta.

De volta à Índia, enfrentou o imperialismo britânico conscientizando hindus e muçulmanos no sentido de buscarem a independência indiana, baseada no uso da não violência e da desobediência civil. Viajou pelo país levando sua mensagem para convencer populações rurais e urbanas a não colaborarem com os britânicos, que aumentavam impostos, proibiam os hindus de fazer o próprio sal e oprimiam o povo de várias outras formas.

Ficou para a história a famosa Marcha do Sal, quando milhares de indianos andaram durante 24 dias até o mar. Na praia, colocaram panelas com água ao sol, para dali extraírem o sal. A idéia se espalhou e os manifestantes eram tantos que o governo teve dificuldade para prender todo mundo. Mesmo assim, mais de cem mil hindus, incluindo os líderes, foram parar na prisão. Mas a fabricação do sal acabou sendo permitida na costa. A Marcha fez com que houvesse uma reunião em Londres, com grande repercussão mundial, tendo Gandhi obtido apoio de grandes nomes, em várias partes do mundo.

Gandhi incentivava o seu povo a produzir as próprias roupas e alimentos, para não depender dos colonizadores. Os valores dele, voltados para a simplicidade, têm como base a crença tradicional hindu: verdade (satya) e não-violência (ahimsa). Ele defendia cinco pontos para o sistema dar certo: igualdade; nenhum uso de álcool ou droga; unidade hindu-muçulmano; amizade; e igualdade para as mulheres. Em plena segunda guerra, exortava os ingleses a não reagirem de forma violenta ao nazismo. A outros povos oprimidos ensinava: "Se é valente, como é, para morrer a um homem que luta contra preconceitos, é ainda bravo para recusar briga e ainda recusar se render ao usurpador."

Em seu esforço pela independência da Índia, foi preso muitas vezes e usou o jejum como forma de protesto. Seus métodos fincados na desobediência civil e não-violência ganhou admiradores no cenário mundial e influenciou personalidades como Nelson Mandela, Martin Luther King e Albert Einstein.

Em sua vida, dois marcantes paradoxos. Símbolo do pacifismo, morreu de forma brutal, assassinado em Nova Déli por um hindu radical, Nathuram Godse, insatisfeito por Gandhi insistir em quitar dívidas com Paquistão. E o Mahatma foi indicado ao prêmio Nobel da Paz cinco vezes entre 1937 e 1948, mas jamais ganhou a homenagem.

Nenhum comentário: