quinta-feira, 27 de setembro de 2018

Cotidiano Digital: Brian Acton e o WhatsApp


No dia em que Brian Acton deixou o Facebook, bateu uma foto do valor das ações da rede social. Era para registrar a quantidade de dinheiro que estava abandonando por divergir do CEO Mark Zuckerberg e fincar o pé. Sua decisão o fez largar na mesa US$ 850 milhões. Ele, que é um dos dois fundadores do WhatsApp, agora está na capa da Forbes. “Eu vendi minha empresa”, diz. “Vendi a privacidade de meus usuários. Convivo com isso todos os dias.” Este — privacidade — é exatamente o tema que mais comove parlamentares americanos e europeus, neste momento. E a pancada vem na mesma semana em que os fundadores do Instagram também tomaram a decisão de deixar a empresa para a qual venderam o negócio.
O Facebook comprou o WhatsApp em 2014, por US$ 22 bilhões. Valor recorde. Seus fundadores fizeram uma série de exigências. Que nenhuma tentativa de monetização ocorreria sem sua aprovação. Que os dados dos usuários não seriam usados para publicidade. Convictos de que tudo estava acertado, testemunharam perante os reguladores de anticompetitividade europeus dando garantias para conseguir a permissão de fazer o negócio. Pois menos de dois anos depois, o Facebook interligou as duas bases. Hoje, a informação sobre quem você conhece pelo serviço de chat é usada para lhe indicar amigos e alimentar seu perfil, que por sua vez vira publicidade dirigida na rede social. Foi o desgaste continuado na relação com os compradores que o fez deixar a empresa. Ao romper mais cedo o contrato de ficar no comando do serviço, deixou de ganhar uma parte do acertado. Ainda assim, tem US$ 3,6 bilhões. “Eles não são os vilões. São excelentes pessoas de negócios. É só que representam princípios, ética e políticas com as quais não concordo.”
David Marcus, que por anos comandou o Facebook Messenger, respondeu publicamente. “Atacar as pessoas e a empresa que o transformaram num bilionário, e que fizeram de tudo para proteger e acomodá-lo por anos, é baixo. Um golpe baixo sem precedentes.”
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