quinta-feira, 22 de junho de 2017

A Derrocada da Inflação


 


Depois de mais de uma década flertando com o caos, índices de preços no país voltam a ficar comportados e abrem oportunidade para metas menores e juros mais baixos
Depois de anos flertando com o caos, finalmente a inflação brasileira caminha de volta para patamares civilizados. O índice deve fechar na meta - ou até abaixo dela - neste ano e o país deve passar a perseguir alvos mais ambiciosos a partir de 2019. Trata-se de uma das vitórias mais relevantes desde que o Brasil se viu livre do PT. 
A inflação brasileira encontra-se hoje em praticamente um terço do que era quando Dilma Rousseff foi defenestrada do governo. Desde maio do ano passado, o IPCA baixou de 9,3% em 12 meses para 3,6%. A perspectiva é de que encerre 2017 neste mesmo patamar, de acordo com as previsões colhidas pelo Banco Central (BC) junto ao mercado. 
Recorde-se que, enquanto Dilma mandava no país, o estouro da inflação era um dos principais temores dos agentes econômicos. Afinal, combater a carestia nunca foi o forte da ex-presidente. A petista se lixava tanto para a solvência e a solidez das contas públicas quanto para a alta geral de preços que por anos corroeu o salário dos trabalhadores brasileiros. 
A simples mudança de ares, com a troca de governo, já foi capaz de levar alento à política de combate à inflação. Completada pela sinalização inequívoca do Banco Central de que não iria compactuar com a continuidade da alta, como por anos fora a tônica sob o PT, revelou-se capaz de frear o ímpeto dos preços. 
Não se pode negar que, além da política monetária, a recessão tem sua parcela de responsabilidade na derrocada. Menos emprego e menos salário são iguais a menos consumo e, portanto, menos pressão inflacionária. É este fator que explica a perspectiva presente de o país apresentar deflação quando forem conhecidos os índices deste mês de junho. Se confirmada, será a primeira em 11 anos.
Tal situação permitiu que o Copom (Comitê de Política Monetária) do BC passasse a vislumbrar oportunidade de cortar um naco a mais na inflação estrutural brasileira, baixando a meta a ser perseguida pela política de juros a partir de 2019. 
Depois de 14 anos, o alvo da política monetária a cargo do BC passará a ser 4,25% ao ano, levemente abaixo dos 4,5% vigentes desde 2005 e só atingidos em três ocasiões ao longo desse período. A decisão deverá ser sacramentada na próxima semana. Vale registrar que, ainda assim, o Brasil ainda conviverá com níveis altos de inflação, se comparados a outras economias. Segundo o Credit Suisse, a meta média nos países desenvolvidos é de 2,2%, na América Latina, de 3% e nos emergentes, de 4%.
A queda consistente da inflação brasileira abre espaço para outro movimento estrutural correlato: a baixa da taxa básica de juros. As reduções começaram em outubro do ano passado e só não se acentuaram no mês passado porque a crise política golpeou o processo. Há, contudo, condições objetivas para sua continuidade. Será mais uma vitória relevante do país depois que nos livramos do PT.

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