domingo, 9 de julho de 2017

Inflação desceu ao menor nível.



Inflação brasileira passou ao terreno negativo. A ocorrência de deflação acende alerta para a severidade da recessão e sugere que o corte da taxa de juros precisa ser acelerado
A inflação desceu em junho ao seu menor nível para o mês desde que a economia brasileira recuperou a estabilidade com o Plano Real. Depois de mais de uma década, também voltou a mergulhar em terreno negativo. A ocorrência de deflação suscita novos desafios, acende alertas e exige posturas distintas da política econômica.
No mês passado, o IPCA ficou em -0,23%, conforme divulgou o IBGE nesta manhã. Para junho, é o menor índice de toda a série histórica, ou seja, em 23 anos. O país não registrava deflação desde junho de 2006. No ano, a inflação caiu a praticamente um quarto do que foi entre janeiro e junho de 2016. Por todos os ângulos, a queda é assombrosa.
O país passa a conviver com situação oposta à que enfrentou, por meses seguidos, até dezembro do ano passado. Até então, o problema era o estouro do limite superior da meta, tônica dos governos perdulários e lenientes do PT. Agora a questão é outra: impedir que a inflação caia abaixo do piso.
No acumulado em 12 meses, o IPCA baixou para 3%, o exato limite inferior da banda de variação adotada pelo regime de metas nacional. Além disso, os índices gerais, que medem a inflação também no atacado, estão em queda persistentes e em deflação já por três a quatro meses seguidos.
Certamente é mais confortável, e sadio, ter como desafio uma inflação baixa demais. Pelo menos há a garantia de que os salários dos trabalhadores não estão apanhando dos preços. No entanto, como o próprio sistema de metas sugere, quedas acima do desejado também são problemáticas.
A inflação brasileira declinou com força desde a primeira metade do ano passado porque passou a encontrar pela frente uma política econômica para a qual a alta de preços é uma doença a se combater, e não uma aliada conveniente para o crescimento econômico, como os governos anteriores acreditavam.
Entretanto, é inegável que outro fator relevante para o recuo dos preços é a recessão. E este é o aspecto mais preocupante do movimento atual da inflação brasileira. Ela cai, em parte, porque há menos demanda, por causa do desemprego e também em razão da desconfiança que assombra os consumidores.
Juntados estes fatores, resta evidente que a ação de política monetária do Banco Central precisa mudar. Não há razão para segurar o ritmo de queda da taxa básica de juros. Embora a Selic já tenha caído quatro pontos desde outubro e encontre-se hoje no seu menor patamar em quase quatro anos, há condições sustentáveis de acelerar os cortes já na reunião do próximo dia 26.
É claro que persiste a incógnita em relação ao lado fiscal dessa moeda. Segurar o rombo orçamentário tem se mostrado tarefa dificílima, ante o peso da má herança legada pela irresponsabilidade petista. Há pela frente o duplo desafio de, do lado fiscal, garrotear os gastos e, do lado monetário, afrouxar o laço, sob pena de aborto precoce da incipiente saída do país da recessão, o que a crise política só faz piorar.
Este e outros textos analíticos sobre a conjuntura política e econômica estão disponíveis na página do [itv.org.br]Instituto Teotônio Vilela

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