sábado, 21 de outubro de 2017

A Batalha do Emprego

Fatores como queda da inflação, diminuição da taxa básica de juros e aumento dos saldos comerciais estão ajudando a reanimar a atividade produtiva e reativar as contratações
O principal objetivo das medidas econômicas deve ser prover bem-estar para a sociedade, melhores condições de vida e conforto para os cidadãos. A alavanca fundamental para isso é que as pessoas tenham uma ocupação, possam produzir e se realizar. Assim, gerar empregos deve ser o item número um da agenda de qualquer governo em situações de recuperação econômica.

No caso brasileiro, esta preocupação é levada ao extremo, para o topo do topo das prioridades. Afinal, a partir do início de 2014 o país mergulhou na pior recessão da sua história. O resultado mais aberrante da crise foi o empobrecimento geral da população e o mais doloroso, o surgimento do maior exército de pessoas desempregadas que o país já conheceu.
Entre fins de 2014 e o primeiro semestre deste ano, o número de pessoas sem emprego mais que dobrou, até atingir 14 milhões de brasileiros, em março passado. Desde então, começou a cair, naquela que pode ser considerada uma das mais aguardadas reversões da herança tóxica deixada pelo PT - o resultado do mercado de trabalho em 2016 foi o pior em 40 anos, conforme a Rais divulgada ontem pelo Ministério do Trabalho. Hoje são 13,2 milhões, conforme o IBGE.
Os números positivos começam a se disseminar pelo mercado formal de trabalho. Pelo sexto mês consecutivo, a economia brasileira mais abriu do que fechou vagas com carteira assinada. Foram 34,4 mil em setembro, o que levou o acumulado no ano a 209 mil, de acordo com números do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) também divulgados ontem.
Desde 2014, setembro não registrava excedente de empregos - um ano atrás, o país fechara quase 40 mil postos no mês. Mais positivo ainda é que a indústria tem sido o setor responsável por puxar os resultados para cima: respondeu por 75% do saldo no mês. Em termos regionais, o Nordeste liderou as contratações, um aspecto novo na recuperação.
O saldo em 12 meses ainda é bastante negativo (-466 mil, um terço do registrado em setembro de 2016), mas o mercado de trabalho ensaia terminar 2017 muito melhor do que começou. Há chance de o país fechar o ano com o primeiro resultado positivo em termos de geração de empregos desde 2014.
A recuperação econômica, e a consequente geração de novas oportunidades de trabalho, é tributária de algumas importantes reversões promovidas pelo atual governo a partir de maio de 2016.
Fatores como queda acentuada da inflação, diminuição consistente da taxa básica de juros e aumento dos saldos comerciais ajudaram a reanimar a atividade, reavivar o consumo e, consequentemente, reativar as contratações na indústria e no comércio. As mudanças decorrentes da reforma trabalhista tendem a ser mais uma dessas alavancas.
A questão é que a ruína petista nos levou a poço tão profundo que vai levar tempo longo, muito longo até que as perdas sejam revertidas, como ilustra levantamento feito pelo Iedi publicado na edição de hoje de O Globo. O estrago mais severo e duradouro é sobre os investimentos, que vão levar dez anos (a "década perdida" petista) para se recompor - isso numa hipótese quase irrealista de tão rósea. É nestes setores de ponta que a retomada da geração de emprego é mais renitente.
Nenhum gestor público pode se considerar satisfeito enquanto não ver a chaga do desemprego curada. A desocupação alimenta o desalento e suscita ainda mais a violência e a criminalidade. A luta pela geração de trabalho e renda e a inclusão de mais e mais famílias no mercado deve ser travada sem trégua. Até que, enfim, chegue o dia em que a batalha seja vencida.
Este e outros textos analíticos sobre a conjuntura política e econômica estão disponíveis na página do Instituto Teotônio Vilela
 

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