Com política externa de novo orientada à integração global, país volta a buscar mercado externo. Negociação com União Europeia é crucial para ampliar oportunidades
Um dos aspectos menos destacados da incipiente recuperação que a economia brasileira experimenta é a expansão do nosso comércio exterior. Com o mercado interno ainda avariado pela recessão, exportar mostrou-se a melhor saída para a produção nacional. O Brasil está voltando suas atenções ao resto do mundo.Os resultados alcançados até setembro são significativos. Nos nove primeiros meses do ano, o superávit comercial brasileiro chegou a US$ 53,3 bilhões. É a maior marca registrada na série histórica, iniciada em 1989, com alta de 47% sobre o mesmo período de 2016. O saldo anotado no mês também foi recorde. O país está conseguindo superávits mesmo com alta expressiva também das importações, que crescem há dez meses - em setembro, o aumento foi de 18%. Isso sugere que o vigor das operações com o exterior tem sido disseminado: é a corrente de comércio como um todo que está crescendo e não apenas as exportações, como acontecia até poucos meses atrás. O ritmo de alta das vendas ainda é bem maior que o das compras. Até setembro, as exportações aumentaram quase 19% no ano, com crescimento tanto de preços, quanto de volume embarcado. O recorde mensal permanece sendo o de 2011. Commodities ainda são o principal item da pauta. Tal desempenho deve levar o comércio exterior brasileiro a fechar o ano com saldo acima de US$ 60 bilhões. A balança comercial de setembro - divulgada pelo Ministério do Desenvolvimento na semana passada - trouxe ainda outro dado alentador: as importações de chamados bens de capital aumentaram pelo segundo mês consecutivo. Foram 34%, depois dos 6% registrados em agosto. Isso significa investimento em máquinas e equipamentos que se reverterão em maior produção interna logo à frente. O Brasil passou longo período apartado do concerto global das nações. É claro que nossas empresas nunca desistiram de negociar com o resto do mundo, mas o governo do país é que pouco fazia para ajudá-las. Na era petista, o mercado interno foi tratado como suficiente para alavancar o crescimento econômico. Não é, como ficou claro com a recessão. Essa política externa de alijamento vem sendo revertida pelo atual governo. No último ano e meio, nossa chancelaria passou a ser dirigida com as atenções voltadas ao resto do globo, na defesa do interesse nacional e da democracia. Muito diferente do alinhamento a regimes autoritários e da postura de costas para o mundo que marcaram as políticas petistas na área. Neste sentido, é crucial que se redobrem os esforços em favor da conclusão das negociações em torno de um acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia. Trata-se da principal agenda de comércio exterior brasileira dos últimos tempos, cujas tratativas se arrastam há duas décadas. A diplomacia brasileira deve perseguir firmemente este entendimento, para impulsionar ainda mais nossas exportações. Mas não deve aceitar propostas restritivas e limitadas como as que alguns países europeus estão tentando nos empurrar.
Este e outros textos analíticos sobre a conjuntura política e econômica estão disponíveis na página do Instituto Teotônio Vilela
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sábado, 14 de outubro de 2017
O Vigor do Comércio Exterior
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