domingo, 10 de dezembro de 2017

Cestão de Natal

Inflação cai a níveis historicamente baixos, empurrada por queda inédita dos preços dos alimentos, e garante condições melhores de vida para brasileiros mais pobres


O país ainda terá de vencer longa trajetória até que possamos considerar a crise superada. Mas condições objetivas e cotidianas da vida dos brasileiros já vêm apresentando sinais evidentes de melhora neste pouco mais de um ano e meio desde a mudança de governo. Uma das conquistas mais expressivas vem do que está acontecendo com a inflação.
O ano está chegando ao fim com os índices de preços caindo a, provavelmente, seu menor patamar desde 1998. Ainda falta computar os dados de dezembro, mas a inflação oficial de 2016 será a segunda ou, na pior das hipóteses, terceira menor desde o Plano Real. É um alívio e tanto para quem até pouquíssimo tempo atrás via seu dinheiro ser corroído bem antes de o fim do mês chegar.
Segundo o IBGE divulgou nesta manhã, a inflação de novembro foi de 0,28%, bem abaixo do 0,42% registrado em outubro. Com isso, o acumulado no ano situa-se agora em 2,5%, menor nível em 19 anos. Em 12 meses, o IPCA acumula alta de 2,8%. São números que até recentemente poderiam soar como miragem.
Basta lembrar que 2016 terminou com inflação de 6,3%, namorando o teto de tolerância da meta, e 2015 viu os preços subirem 10,7%, acima de qualquer limite tolerável. Ou seja, estamos hoje num patamar que é menos da metade do que estávamos um ano atrás e menos de um terço do de dois anos antes.
Melhor de tudo é que a inflação cai mais onde mais dói no bolso: no preço dos alimentos. Tais itens representam, de acordo com o IBGE, um quarto das despesas das famílias brasileiras. Há sete meses consecutivos vêm ficando mais baratos. No ano, acumulam queda de 2,4%, algo nunca antes visto - pelo menos desde que há registros, isto é, desde 1994.
Melhor ainda, para os mais pobres a inflação está ainda mais baixa. O INPC, que acompanha gastos de famílias com renda até cinco salários mínimos, já está no menor nível desde o Plano Real, com os alimentos - que consomem um terço do orçamento deste estrato social - registrando queda de mais de 3% no último ano.
A comida na mesa ficou mais barata porque o campo brasileiro exercitou ao máximo seu potencial de geração de riqueza. Nunca antes as lavouras do país produziram tanto, com tanta produtividade. É mérito do setor da economia nacional que, servido por políticas adequadas de crédito, organização e tecnologia, conseguiu ir mais distante na cadeia global de valor.
O cestão de Natal dos brasileiros ainda não será o dos sonhos, mas já será bem mais provido do que se imaginava até recentemente. É necessário realismo: não se supera devastação como a que se abateu sobre a nossa economia entre 2014 e 2016 sem muito, redobrado e persistente esforço. O que já está ocorrendo com a inflação, alimentada pelo vigor agrícola, indica que perseverar no caminho que vem sendo trilhado pode render bons e duradouros frutos.
Este e outros textos analíticos sobre a conjuntura política e econômica estão disponíveis na página do Instituto Teotônio Vilela
 

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